terça-feira, 31 de março de 2009

Falta de romance (ou resposta às leitoras assustadas)

Sexta-feira de chuva. Msn bombando. Luzinha laranja pisca. Adriana diz:

-Amiga, alguma novidade no blog?
-Acabei de postar, vai lá.
-Passa o endereço?

Quatro minutos depois, vem de novo Adriana:

-Menina, você anda agressiva nos últimos posts: gargarejo, Dako, caramba, cadê o romance?
-Me diga você...
-Hahahahahahahahahaha.
-...
-Mas, falando sério, não precisa baixar assim o nível.
-Ah, cara, foi uma brincadeira com um outro blogueiro, que meteu num post que não curtia muito comer cu. Daí não guentei, sabe que o assunto me emociona, né?
-Sim, saquei, mas não gostei desses textos, achei muito sem nível, queria te fazer essa crítica.
-Tranquilo, baby. Escrever é meio como cozinhar: tem que experimentar direto na massa, não dá pra se prender ao livro de receitas. Do mesmo jeito que você não gostou, teve gente que curtiu, faz parte.
-Sei...
-Mas, de boa, perguntar cadê o romance foi foda!
-Pô, mas é verdade! Todo mundo gosta de um pouco de romance.
-Pois é, mas as coisas andam num nível tão grande de falta de critério, que começamos a chamar de romance toda pegação de fim de festa...
-Ué, mas as pessoas têm que começar de algum lugar, não é?
-Sim, mas raramente às quatro da manhã, na xepa da festinha, vai rolar algum romance...
-Você está sendo radical, pra variar. Tá entrando naquela sua onda de se achar muito boa pras ofertas que estão por aí, né?
-Não, não é sentimento de superioridade, até mesmo porque as ofertas geralmente equivalem ao que a gente está emanando...
-...
-Nem tô cuspindo pro alto, acredite. Tô é mudando minha perspectiva, porque esse lance de esculpir romances mentais cansa...
-Ah, fala sério, que mané romances mentais? Vai começar com esse seu discurso defensivo de novo? Hoje em dia as relações são mais fluidas mesmo, ninguém está querendo se amarrar. Se a gente não souber projetar as coisas, nunca nada vai ser do jeito que a gente quer!
-Então, a minha lógica é a mesma que a sua.
-Claro que não!
-Claro que é!
-...
-Presta atenção: eu não entreguei o jogo. Apenas saí da defesa sem partir direto pro ataque.
-Fala sério! Logo tu, metendo essa...
-Te digo, é a melhor posição. Fico ali, como quem não quer nada, dando pinta. Daí, quando vier uma bola boa, mato no peito e finalizo. Sacou?
-Escreve um monte de bagaceirices e agora quer dar de dama, metendo metáforas futebolísticas no meio? Tenha dó!
-Esquece o que eu escrevo, darling, não vou mudar o estilo e isso é fato!
-Então, tá contraditório isso!
-Não tá nada, cada coisa no seu lugar. Nós, mulheres que temos opinião sobre tudo, precisamos de um contraponto, entende?
-Agora virou problema ter opinião? Qual foi, amiga? Tô te estranhando...
-Não, não tem problema nenhum, continuo tendo opinião sobre quase tudo, mas parei de ver coisa onde não tem e me coloquei um cadinho mais na minha, só isso.
-Dá um exemplo dessa sua nova linha de atuação.
-Tipo, parei de dar mole pro azar, praqueles carinhas que a gente sabe que não vão dar certo de jeito nenhum, entende?
-Você tá se referindo ao Marcos?
-Não só a ele, mas a todos os homens do naipe dele, que não querem nada com ninguém, que adoram ser reverenciados por todas e que se acham extremamente gostosos.
-E o pior é que ele é gostoso mesmo...
-Sim, é delicioso, mas te digo: ignorá-lo foi melhor do que comê-lo.
-Como assim?
-Cara, ele tava no casório da Keyla, cercado de vários amigos. Um deles me conhecia, veio puxar papo, conversamos um pouco, morremos de rir lembrando do carnaval, essas coisas.
-E?
-E o Marcos ficou lá, na rodinha. Não se deu ao trabalho de vir falar comigo. Detalhe: eu tava com aquele vestidinho de melindrosa branco de bolinhas pretas.
-Você fica um arraso naquele vestido!
-Pois é, pensei: pô, toda vez o Marcos faz isso! Finge que não me conhece até a hora que fica inevitável. Aí ele vem, esbarra comigo, me dá mole por quinze minutos e depois diz que vai pegar uma cerveja.
-E não volta nunca mais, né?
-Exatamente. Dessa vez não quis passar por isso.
-E ele?
-Ficou me secando a noite toda, claro: eu ia dançar, ele ficava pertinho de mim na pista. Eu tava com meus amigos, ele dava um jeito de se colocar numa rodinha por perto.
-E vocês não se falaram?
-Se ele tivesse vindo até mim, eu teria sido educada, mas como ele não veio...
-Gente, que bafão...
-Pois é, sabia que você ia curtir essa história...
-Cara, então quer dizer que você virou tipo uma mulher centrada?
-Acho que sim.
-Mas não vai começar a falar sobre economia não, né?
-Não, fica fria!
-E hoje, qual a boa?
-Vou sair com um cara que conheci na net.
-O quê? Como assim?
-Existem vantagens em ser blogueira, honey...
-Que piranha!
-...
-É gato?
-É um moreno mediano.
-Interessante?
-Super.
-Quantos anos?
-Tá sentada?
-Ai que medo, fala!
-Quarenta.
-O quê? Parou com os meninos mais novos?
-Já te disse, não tô cuspindo pro alto, mas resolvi ver qualé de um cara que já mijava em pé na copa de 78.
-Hahahahahahahahahahaha!
-Ainda por cima o bofe é tijucano...
-Hummm, sabia que tinha treta aí.
-Vai ver até a gente já se pegou e não sabe...
-Que massa, bom encontro então!
-Valeu, amiga. Pode deixar que já sondo se ele tem um amigo recém-separado que nem ele, pra te colocar na jogada.
-Ih, recém-separado, é?
-É.
-Cuidado, se ele ficar falando muito da ex-mulher, manda passear.
-Fica fria, eu tenho assuntos melhores pra colocar em pauta.
-Tá certa.
-Beijo, querida, tenho que me depilar lindamente.
-Claro, beijão.

Desligou o computador e partiu pros preparativos. Parou pra fazer as contas e se tocou de que não saía com um homem mais velho do que ela há mais de dez anos. Achava todos uns chatos sem assunto, preocupados só com cerveja, futebol de quarta-feira e dores nas costas.

Mas alguma coisa nesse rapaz lhe chamou a atenção. Ele não estava tão focado em suas próprias mazelas. Queria recomeçar a vida com uma mulher bacana, que até poderia ser ela. O fato é que isso nem vinha ao caso, pois intuía que, mesmo não dando certo, ao encontrá-lo, no futuro, em algum casamento de amigos comuns, seria cumprimentada, como merece uma dama de seu porte.

E, como não existe nada mais gostoso pruma mulher do se sentir cortejada, peço perdão aos indelicados para afirmar, com toda a certeza, que gentileza é fundamental...

sexta-feira, 27 de março de 2009

Dako é bom (mas não espalha)

-Mas qual foi que rolou com o figura?
-Saca só: ele me disse que nem é muito chegado em cu, mas que, se eu gostasse, era melhor comer logo.
-Mandou assim, com essas palavras?
-Foi.
-Mas qual o contexto?
-Não lembro o contexto exatamente, tinha tomado 3 ices já, sabe como fico facinha...
-Sei. Mas não lembra nem do momento que ele falou isso?
-Isso lembro, claro: eu só queria dar o cu, nada de choque de ordem...
-Tá, mas qual foi o momento?
-No caminho pro motel.
-Menos mal...
-Total, mas foi um banho de água fria. Afinal, tô saindo de casa com KY na bolsa há umas 2 semanas...
-Ai, que horror, Anita, me poupe dos detalhes sórdidos!
-E KY lá é sórdido?! Coitado do KY, só tá na bolsa querendo ajudar...
-Enfim, quando ele meteu essa de que era melhor comer logo, você respondeu o quê?
-Nada, fiquei pretérita.
-Ai, você também é muito noiada com esse lance de cu, sabia? Em vez de dar gostosinho pelas vias normais. Cu não é pra isso!
-O seu cu, né benzinho! O meu é outro papo, nem vem que não tem!
-Ok, mas você devia ir ao proctologista pelo menos uma vez por ano, do jeito que esse rabo aí é rodado...
-Se fosse pela quilometragem, eu devia ir todo mês, gata! Mas isso nem vem ao caso...
-Tá, continua: ele te levou pro motel ou não?
-Lógico, né? Naquela altura do campeonato, eu já tava subindo ladrilho de tamanco...
-Mas o que ele falou depois?
-Depois do quê?
-De você ficar passada.
-Ah, sim! Ele perguntou se tava tudo bem. Eu disse que até tava, mas que achava que ele fosse um cadinho mais animado no quesito backstage...
-E ele?
-Disse alguma coisa do tipo “a vida é cheia de surpresas”, já metendo a língua no meu pescoço. Deixei rolar, que a situação não tá pra isso, né?
-Não está mesmo. Mas e aí, foi bom?
-Ih! Já tá querendo saber demais. Não dá cu, mas quer os detalhes sórdidos, né? Sua enrustida dos infernos!
-Hummm, grossa!
-Hahahahahahaha!
-Vai me deixar na curiosidade?
-Ué, você não acha nojento? Quer saber se foi bom por quê?
-Quem disse que tô interessada no backstage? Quero saber se o bofe se garante na boca de cena!
-Ahhhhhhhhh...
-Se garante ou não se garante?
-Deixa eu comer ele de novo que te conto os detalhes.
-Eu, hein, mas por quê?
-Simpatia! Aprendi com uma amiga do curso de pompouarismo.
-O quê?
-Eu te disse que ia me matricular, não sei por que o espanto...
-Cara, tu tá muito desesperada...
-Tem certeza? Minha bucetinha, por exemplo, não concorda com você.
-Hummm, mas que boca, hein? Por isso que você não arruma namorado! Cruzes!
-Se o castigo pra toda desbocada que dá cu fosse ser solteira, ia ter um monte de gente se divorciando por aí.
- Tá certo, cada um sabe de si, fazer o quê...

Despediram-se e Anita respirou aliviada por ter conseguido fugir do assunto com o papo da simpatia que a amiga do curso de pompouarismo tinha ensinado.

Simpatia que nada.

Por experiência própria, descobriu que esse negócio de fazer alarde era o que estava deixando os meninos sem referência de como se comportar diante de uma mulher de verdade.

Pra que comentar que estreou o tubo de KY?

Vai que a amiga resolve estrear o cuzinho justo com o bofe que você divulgou?

Na dúvida, é sempre bom duvidar que a propaganda seja mesmo a alma do negócio.

Ela é, na verdade, a semente da discórdia disfarçada de alma.

segunda-feira, 23 de março de 2009

Vastas estações, pensamentos imperfeitos

Pensou em fazer alguma coisa útil no meio daquela tarde triste de verão, pois sabia que não era certo ficar assim em dias de sol. Passou sundown 60 pra se sentir protegida e quis, lá no fundo, que existisse um protetor solar também para almas. Seria uma boa forma de economizar a grana preta que gastava na terapia. Ou pelo menos de se fazer de alegre quando suas amigas desesperadas insistiam em lhe telefonar em busca de alento.

Mas o telefone, assim como a justiça com as próprias mãos, tarda, mas não falha:

-Ai, amiga, pode me ouvir?
-Claro, diga lá.
-Acho que fiz merdinha...
-O que foi dessa vez?
-Dei pro carinha do curso.
-E desde quando isso é fazer merdinha?
-Dei de primeira, esse é o problema.
-Ai, bela, não semiotiza, vai...
-Como assim?
-Você não tava com vontade de sair com ele há um tempão?
-Tava!
-Então...
-Então que ele não pediu meu telefone...
-Ah, você queria que ele fosse te levar em casa no dia seguinte num cavalo branco, né?
-Ai, amiga, não zoa, tô mal com isso...
-Desculpa, mas não concordo com essa política desesperada de contar encontros até resolver transar, porque isso me dá a impressão de que nossas bucetinhas são uma espécie de prêmio e que, quanto mais esperarmos, mais elas vão ficando apetitosas, como iguarias típicas da Amazônia, sabe assim?
-Se sei.
-Bota na sua cabeça que essa é uma idéia que inventaram pra adaptar aos nossos tempos as normas sexuais castradoras dos tempos de nossas avós.
-Como assim?
-Baby, pode ser que ele não peça seu telefone nunca, e daí?
-E daí que eu queria saber até quando vou ficar dando pra caras que não me ligam no dia seguinte.
-Até o dia que rolar um cara maneiro que goste de você e que saiba usar o telefone. E isso independe de você ter dado de primeira, de segunda ou de terceira...
-Ai, ai, não consigo ser tão esperançosa...
-Querida, preciso desligar, estão tocando o interfone e tô sozinha em casa.
-Me liga depois, então.
-Ligo, sim.

Claro que não ligou: esse papo de esperança era um tormento com o qual tinha que conviver diariamente. Não queria dizer pra amiga que pra cada panela existe uma tampa, porque sabe de um monte de tampas sobrando por aí, totalmente oxidadas de tanto esperar por uma panela que se encaixe em seus contornos com o mínimo de dignidade.

Tirou o telefone do gancho e resolveu nada mais fazer naquela tarde de verão.

A não ser esperar pelo outono, quando, finalmente, poderia ficar triste em paz e jogar a culpa toda no tempo chuvoso.

quinta-feira, 12 de março de 2009

A turma do gargarejo

-Ele duvidou que eu gargarejo, pode?
-Como assim????
-Perguntou se eu cuspia ou engolia. Meti: eu gargarejo!
-E ele duvidou simplesmente?
-Sim.
-Nossa, que cético!
-Pois é, menina, fiquei até me sentindo A Deep Throat!
-É, bela, o moço não tava naquela festinha na casa do Adolfo há uns 10 anos...
-Noooosssaaaaaaaaa! Puxou detrás, hein, nega!
-Lá geral dispensou o cepacol...
-Hahahahahaahahahahahaha! Podes crer...
-Cara, na boa, mais puta que você, só a Adélia mesmo.
-Adélia? Nem acho...
-Olha o despeito!
-Só por que ela comeu aqueles 2 negões gêmeos em Salvador?
-Na casa das namoradas gêmeas deles, esqueceu esse detalhe?
-Ah, isso foi só um golpe do destino. Se fosse comigo, eu faria o mesmo.
-Faria porra nenhuma, que você é piranha, mas não é puta!
-Adélia não gargareja...
-Tá bem: você é a mais piranha. Adélia, a mais puta, tá bom?
-Ainda acho injusto, mas beleza...
-Ah, bonita, ética é uma coisa legal, vai.
-Não adianta de porra nenhuma, mas é legal, concordo.
-Adianta, sim. Veja bem: uma piranha ainda se dá a chance de agir com respeito. Já a puta, não.
-E daí?
-Daí que, enquanto a puta quer fuder com as rivais, as piranhas querem mais é que as rivais assistam confortavelmente a tudo de camarote, sacou?
-Boa!
-É mais chic ser piranha...
-Vendo desse modo, é mesmo...
-Portanto, fofa, deixa o bofe duvidar que você gargareja. Um dia, quem sabe, ele encontra uma mulher que faça isso e aí ele vai te dar razão.
-É...
-Nada como o tempo...
-Pode crer.
-Mas e hoje, qual a boa?
-Vou a uma festa com Alexandre, fazer presença de gostosa, porque ele tá saindo com uma mulher que tá escrotizando ele.
-E a mulher vai estar na festa?
-Lógico, né?
-Vai dar de acompanhante fake?
-Fazer o quê? O cara é meu amigo há 20 anos, tá precisando dessa força. Se eu não fizer isso por ele, quem vai fazer?
-Ele quer é te comer!
-Sim, claro, mas aí, normal também, né? Depois de pagar de namorada a festa toda, no final da noite vou estar precisando mesmo de um agrado.
-E depois ele vai te levar pra onde?
-Praquele motel lá na Niemeyer.
-Caraca, tá com prestígio, hein, nega?
-Faço isso mais por ele, sabia? Tem horas que um homem precisa esbanjar com uma mulher, senão explode!
-Té parece que não adora o pau do bofe...
-Gosto, claro, que não sou Madre Teresa...
-Piranha!
-Enfim, querida, tá na minha hora, marquei depilação pras 4.
-Manda meu beijo pra ele?
-Deixa comigo.

Na dúvida, depilou cavada, já que não conhecia ninguém mais voraz com esse negócio de buceta do que o tal do Alexandre.

E, em homenagem ao cético, nem levou cepacol pro motel.

sexta-feira, 6 de março de 2009

O poeta inconcreto e a cronista desbocada parte 2 (ou Dona Flor e seus dois maridos)

-Você meteu essa mesmo?
-Meti.
-E ele?
-Diz que ficou de pau duro.
-Hahahahahahahahaha.
-Também, antes dos 30, tudo é motivo preles ficarem de pau duro.
-Mas, venhamos e convenhamos, amiga, você jogou baixo!
-É só uma foto, vai...
-Uma foto pelada, com os pentelhos ao vento, não é só uma foto, que você é piranha e sabe muito bem o que tá querendo fazer com o bofe...
-Cada um usa as armas que tem, não é mesmo?
-Lógico, só não mete essa de “é só uma foto” pra mim, que eu te conheço, vaca-mor!
-Dou uma semana presses hai-cais chegarem!
-Nem isso, filha, se bobear, chegam amanhã mesmo, por SEDEX 10!
-Ele disse que precisava revisar. Parece que ainda não saiu da escola, porra! Revisar é o caralho!
-Calma, amiga, homem apressado também não é coisa boa e você sabe disso...
-Ok, mas ele é tipo um cágado baiano de férias em Honolulu.
-Hahahahahahahaha.
-Pecado, ele é fofo, faz a linha homem pra casar.
-Falando nisso, ele ainda tá com aquela mina?
-Tá, né? Mas sabe o que mais? É bom pra ele não ficar enferrujado, pra não tremer nas bases quando puser as mãos em mim.
-É vero, homem que fica muito tempo sem mulher, quando pega uma potranca que nem tu, às vezes passa até mal.
-Passar mal é foda...
-Ué, já me aconteceu.
-Pára de show!
-Tô falando sério! Uma vez fiquei com um menino que vomitou no motel.
-Ai, que pecado...
-Acontece, bela, mas contornei lindamente a situação: segurei a cabeça, citei Angeli, botei pasta na escova de dente, dei coca-cola, coloquei um filminho animado que tinha lá no pay-per-view e, em uma hora, já estávamos mandando ver...
-É, menina...
-É o quê?
-...
-Que foi? Fala!
-Nada...
-Tá pensando em quê?
-Em como eu queria que essa parada desse certo...
-Que bom! Positive vibes são sempre as melhores.
-São, mas às vezes me acho meio épica demais.
-Sei, épicazinha...
-Hahahahahahahahahahaha....Mas ó, fora de brincadeira, do mesmo jeito que ele tem uma mulherzinha por lá, eu também preciso de um chamego por aqui.
-Claro, né? Esse negócio de relacionamento à distância é bonito em filme americano, que o povo pega avião que nem a gente pega metrô!
-Pois é.
-Mas e aí? Já tem alguém em vista?
-Não.
-Jura?
-Se precisar eu juro, mas não tenho ninguém...
-Tá com uma cara de come-quieta da porra!
-Só a cara mesmo...
-Falta só a porra!
-Justamente.

Pelo visto, já tinha algum gatinho carioca em mente, mas tava achando melhor esconder o jogo.

Nada de mais, em tempos de crise fálica, onde “amigas” não hesitam em puxar o tapete umas das outras.

Preferia garantir o de cá em segredo e o de lá, em sobreaviso.

Afinal de contas, encarar um esporte tão radical quanto amor à distância exige preparo físico, sangue frio e estratégia.

Coisa pra Dona Flor, sempre a postos pros seus dois maridos.