quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Despertador


Bom dia britadeira

São (só) oito e meia

E você já me odeia

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Se o mel faz bem, então tá bom (pro Clube da Leitura)


Uma amiga que sempre teve no mínimo dois amantes por vez me contou uma coisa interessante que eu gostaria de dividir com vocês. É uma coisa aparentemente boba e óbvia, mas vale o registro, que é o seguinte: ‘homem traído precisa de muito agrado matinal’. Confesso que sempre ouvi com reserva as colocações dessa minha amiga, afinal, falar assim do próprio homem, pai de seus filhos, era, no mínimo, cruel. Mas como ela é minha amiga e sabe que mais discreta do que eu só mesmo a Lady Di (que Deus a tenha na paz e na luz), fica me enchendo o ouvido com seus truques de infidelidade. Na verdade o que eu quero mesmo dizer é que o problema não foi ela ter contado essa história do agrado matinal, isso aí é pinto, quando ela bebe me conta cada detalhe que às vezes demoro meses pra esquecer.

Pois então, voltando, um dia (lembro bem, era um sábado e dava pra ouvir o barulhinho da feira lá no fundo), resolvi testar com Adalberto, meu esposo, o tal agrado. Pensei: Adalberto gosta de iogurte com mel no café, então, vou usar seus ingredientes prediletos pra coisa ficar mais apetitosa. O problema começou já na cozinha, meu filho mais velho, Adalbertinho, de seis anos, estava ligado no duzentos e vinte, comendo biscoito recheado e perguntando quanto tempo faltava pra gente ir no zoológico. Disse a ele que teríamos de esperar papai acordar para decidir e que a melhor coisa a fazer seria assistir a um dvd bacana pra passar o tempo. Como ele é um menino muito obediente (tem gente até que diz que ele parece um funcionário público, veja só), se encaminhou para a sala, não sem antes me fazer a pior pergunta que poderia ser feita num sábado de manhã:

-Mamãe, você vai tomar café na cama com papai? Posso também?

Pronto, tive que morrer num dinheiro e mandei o garoto pra lan house pra ver se ele esquecia essa coisa de café na cama. Despachado o moleque, entrei no quarto pé ante pé, descobri meu digníssimo, lancei o mel na minha boca (nessas horas agradeço a Deus não ser diabética) e dei um jeito de ocupá-la com classe, ritmo e estilo. Maridão abriu os olhos e ficou como? Alegria pura, ainda bem que o nosso mais novo tem sono pesado e nem percebeu as estocadas que dávamos com a cama na parede por pelo menos uma hora. Pensa bem: que mulher tem isso? Uma hora inteira de sexo com o homem que é seu marido há uma década inteira? Eu não conheço nenhuma, pelo menos lá na repartição ouço tanta reclamação que tem dias que vou até me benzer pra não deixar entrar olho gordo. Pois bem, acabada a aeróbica, tomamos um banhozinho na suíte, fomos almoçar com as crianças, depois pegamos um pedalinho na Lagoa. Me lembro de ter pensado que minha amiga realmente sabia das coisas e que nada podia ser mais normal do que agradar a quem se ama, ainda mais de manhã e coisa e tal. O devaneio era tamanho (cheguei a planejar uma viagem sem as crianças, pra que pudéssemos nos dedicar à arte do bem acordar) que nem entendi bem quando Adalberto me lançou a pior pergunta que poderia ser feita num sábado à tarde:

-Querida, você tem esse amante há quanto tempo?

-Amante que amante?

-Mulher sem culpa não acorda o marido do jeito que você me acordou hoje.

-Você não gostou, mozão?

-Gostar eu gostei, mas você vai ter de me dar o nome dele.

-Dele quem?

-Do seu amante.

-Mas eu não tenho nada disso.

-Vamos voltar pra casa.

Durante as semanas seguintes, Adalberto ficou tão ensimesmado que chegava a dormir de bermuda jeans. Sem saber muito o que fazer, procurei minha amiga, afinal, ela que tinha dado a dica, de repente sabia como me tirar dessa. Sabe o que a vaca me disse? Que nunca tinha sido fiel pra dar conselho a mulher honesta nenhuma, que eu enfiasse minha honestidade goela abaixo, que era bom ter acontecido isso comigo preu parar de achar que meu casamento é perfeito, com meus filhos perfeitos, meu apartamento perfeito e blá blá blá. Se eu tivesse conseguido contar quantas vezes ela usou a palavra perfeito, daria mais de trinta e cinco fácil. Ou seja, tava puxado pra ela a minha felicidade.

Mas fui Poliana e levei a coisa pelo lado bom, até mesmo por que, depois de ter cortado um dobrado pra convencer Adalberto que vi essa tática do melzinho no programa da Sue Johansen, ele se empolgou com a coisa e aqui em casa tá um verdadeiro apiário do amor.

Quanto à minha amiga, parece que está agora com três amantes e um casinho do sertanejo universitário, que não considera como amante e sim como aprendiz. Outro dia nos encontramos na ioga e ela me disse que tinha umas dicas quentes e que a coisa toda envolvia comida japonesa.

Fiz a aula de ioga com força.

O resto foi silêncio.

E gemidos.

E carne crua.

E hematomas.

Exatamente nessa ordem.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Amarcord


Se o que os olhos não veem

O coração não sente

Que dizer

Do mirar sem retina

(E da prosa sem rima)

A inundar

De mar

Essa ilha

Que é a gente?

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Auge


Atire a primeira pedra

Se nunca na vida

Logo ao chegar

Se fazia despedida

domingo, 25 de setembro de 2011

True colors


Vaidade

É a verdade

Depois de uma certa idade

sábado, 24 de setembro de 2011

Penteadeira

*Inspirado em frase de Diego Petrarca


A traça não pode com alfazema

Nem menino com melena

Memória com cheiro

Nunca passa ligeiro

Será isso um problema?

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Lucky in the sky with diamonds


Exigir demais da sorte

É esquecer

Que cada alegria

Tem seu porte

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Demasiadamente humano


Amigo antigo

Carrega consigo

Passagem só de ida

Para manhãs de sol

Luas de lençol

E dedos em feridas

Mal-dormidas

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

O gerúndio é nosso


O bom

É estar sempre lembrando

Que quem precisa saber sempre tanto

Acaba

(Com o tempo)

Perdendo o espanto

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Unfollow


Esse mundo

(Meu povo)

É só desatino:

Ou sobra GPS

Ou falta destino

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Fireworks


A marola

Lá de fora

Diz que é hora

De acender essa brasa

Mora?

domingo, 18 de setembro de 2011

O pássaro e a flor


De todas as folhas em branco, quero que me preenchas.

sábado, 17 de setembro de 2011

Aurora


Nostalgia é a noite achando que é dia.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Bem-vindo ao sistema


Quem desdenha

(Às vezes)

Tem pouco login

Pra muita senha

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Inverno


Para

Bom

Cobertor

Meia

Orelha

Basta

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Microorganismos (pro Micro Clube da Leitura)


Não é por eles serem inconvenientes

Nem tampouco por não terem alma

Mas a verdade inata

(My friend)

É que ninguém merece

A pequena fauna

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Family toys


Responde ligeiro: o chuveirinho do banheiro pode ser considerado um bom companheiro?

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Cat water planet (ou efeito Carlinhos Brown)


Gato escaldado tem medo de água.

(É a vida).

domingo, 11 de setembro de 2011

Pieces


Em

Terra

De

Lego

Quem

Tem

Um

Sonho

É

Rei

sábado, 10 de setembro de 2011

Clima tempo


Chove lá fora

E o sol

Que insiste aqui dentro

Está atento

Às nuvens de pensamento

Que

(Por ventura)

Invistam

Na própria demora

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Pré-natal


A vida, com seus 'E ses', nos engravida de clichês

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Holiday


Não pense tanto: vai que acorda o encanto?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Ready for the floor


Felicidade

É dispensar a ficção

E entender

Que coração

É feito

De chão

E vontade

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Para Riscado, o filme


Vida de atriz

É sétimo céu

De afãs febris

E curva de fel

Em caminhos de giz

domingo, 4 de setembro de 2011

Dez provas e desportos olímpicos que, se duvidar, bombarão em 2016:


1) Alpinismo Social

2) Salto sobre vassalo

3) Ginástica cínica

4) Banalização artística

5) Pênis de mesa

6) Halterocopismo

7) Nada sincronizado

8) Caozagem (slalom e velocidade)

9) Hóquei no exagero

10) Paralelas assimétricas que se encontram no infinito

sábado, 3 de setembro de 2011

Cinco coisas que, de tão inúteis, não sabemos exatamente por que ainda existem:


1) Modo avião do celular

2) Camisinha feminina

3) Culpa judaico-cristã

4) Animais empalhados

5) Charme de artista

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Poema sem gaveta 10


Quero ver o que vai acontecer

No dia que acabar

O control C control V

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Poema sem gaveta 9


Poeta não tem idade

Nem verdade

Só vontade