sexta-feira, 15 de maio de 2009

Dicas práticas para detectar punheteiros online

Leitores do meu Brasil varonil,
Venho por meio desta falar sobre um grande mal que nos assola: os punheteiros online. Digo isso não somente por fazer parte da legião cada vez mais representativa de moças e moços que não vêm nada de mais em conhecer alguém via orkut, blogspot, msn, gtalk, twitter, myspace, facebook e internetismos outros. Realmente não há nada de mais: é só uma maneira que a pós-modernidade nos apresenta de abrir novas janelas rumo ao desconhecido. E, cá pra nós, encontrar um sujeito na Lapa ou no Baixo Gávea pode ser tão ou mais arriscado, não é mesmo?

Entro numas de levantar essa bandeira por conta de inúmeras roubadas por mim vividas e a mim narradas, já que o fato de ser blogueira acaba me tornando de certa forma porta-voz de amigos e amigas que se identificam com a cartografia que faço desta nossa geração perdida.

Antes que se inicie uma tristeza acachapante, aviso que conheço alguns casos de amor internéticos de sucesso. Sim, eles existem! E acredito que, exatamente por conta disso, resida nas mentes de moços e moças (mais nas das moças, sejamos sinceros) um fio de esperança. Afinal, a cara-metade pode estar ali, logo atrás do monitor, onde sempre esteve. E, para conhecê-la (escrevo hoje para as meninas, perdoem-me, rapazes...), você nem precisou se depilar, fazer escova possessiva, lançar seu perfume francês e nem aquela plataforma que deixa seu dedo mindinho dormente logo nos primeiros quarenta minutos de uso. Muito pelo contrário: você pode estar com a cara cheia de hipoglós, bigoduda como a Frida ou naturista como a Ohana dos anos 80. Portanto, na vida, assim como na internet, vale a máxima de que, em se tratando de casos de amor, a única coisa imprescindível é o encontro.

Assim, sem querer desanimar ninguém, meu alerta vai pras românticas de plantão que pensam que, por conta do status de “solteiro” dos rapazes, o orkut está lotado de interessados em encontrar alguém disponível. Vai também pras vagabas de família, que chegam meio bêbadas em casa e vão logo ligando o computador atrás de emoções que não encontraram na rua. E, por que não dizer, pra todo mundo que acredita que ser feliz é melhor do que ter razão.

O importante, nessas horas, é, em prol da felicidade, saber discernir o que vale e o que não vale a pena, separar o joio do trigo. É parar pra pensar que na internet tem de tudo um pouco, o que nos obriga a analisar os sinais com certa dose de frieza, pois, acreditar que um punheteiro online vai virar seu namorado (ou mesmo seu personal fucker) é quase como achar que “na tela da tv no meio desse povo, a gente vai se ver na Globo...”

Vejam bem: não faço aqui uma contra-apologia à punheta. Imagina, pegaria até mal, com todo meu passado de glórias. Punheta é coisa importante. Exige técnica, destreza, sensibilidade e coordenação motora. Quem nunca ficou apertando aquelas bolinhas de borracha no escritório, fingindo estar evitando uma LER, mas, no fundo, querendo melhorar as habilidades manuais que passam longe dos dotes culinários e do corte e costura? Normal. Toda mulher tem um quê de gueixa e isso nunca fez mal à humanidade.

Portanto, não ligue se algum dia você deu trela prum punheteiro online e também não dê ouvidos às amigas que insistem em lhe dizer que “sabiam que isso não daria certo porque internet é coisa de nerd que não come ninguém”. Nessas horas, diga a elas para atirarem a primeira pedra se nunca acreditaram em um sedutor! Caso insistam em afirmar que seus tetos são de vidro, deixe-as pra lá: mulher que dá certo demais geralmente é frígida, já alertava minha tia-avó Neuza.

Disse tudo isso não só para facilitar o discernimento e estimular o livre-arbítrio, mas, também, para (finalmente) lançar, em caráter oficial, algumas dicas práticas para detectar um punheteiro online:

Capítulo primeiro: da distância entre os contatos

-Quanto tempo ele demorou pra te retornar?
-Uns vinte dias.
-Nossa! Ele é sempre assim?
-Sempre.
-Que coisa...
-Pois é, menina.
-E você nunca perguntou o que se passa?
-Ontem perguntei.
-E ele?
-Disse que anda ocupado demais com o trabalho, que as reuniões varam madrugada e que, quando ele vê, queria ter me ligado, mas acabou não conseguindo, sabe assim?
-Sei...
-Daí ontem foi mega fofo, disse que não parou de pensar em mim esses dias todos, que sempre esteve interessado, que eu sou o tipo de mulher que ele adora, que isso é muito claro pra ele, essas coisas...
-É, vamos aguardar as cenas do próximo capítulo...

Dica prática: se entre um contato e outro o intervalo de dias é sempre grande, e, se o assunto comumente gira em torno da falta de tempo e do profundo interesse em você, ligue imediatamente seu detector para punheteiros online: o moço pode estar achando que você é arroz de geladeira, que precisa de banho-maria pra ficar requentado.


Capítulo segundo: do sexo por telefone

-Menina, foi demais.
-É?
-Umidade máxima.
-U-A-U.
-E o mais legal é que nosso papo sempre começa super cabeça: falamos dos nossos sonhos, das nossas neuras...
-E termina com bagaceirices?
-Isso!
-Interessante...
-Super!
-...
-Fala!
-O quê?
-O que você tá pensando, porra!
-Eu acho estranha essa história, parece que vocês andam em círculos, sabe assim?
-Não, não sei. Explica!
-Vocês são íntimos e não são.
-...
-O cara fala as maiores bagaceirices do mundo pelo telefone e vocês nunca se viram.
-Mas nós vamos nos ver.
-Quando?
-Sei lá.
-Acho assim: isso rolar por umas semanas ou por um, dois meses, tudo bem. Mas daí o cara virar o seu sexy fone é que eu acho pesado!
-Você acha que eu devo mandar ele passear?
-Acho que ele pode passear, sim, mas do teu lado, que tal? Daí vocês aproveitam e se conhecem cara-a-cara!
-Hahahahahahahahahaha.

Dica prática: se está há muito tempo vivendo um pseudo-relacionamento por telefone, tente estimular a passagem para o próximo nível, da intimidade verdadeira. Vai que vocês ficam muito tempo nessa e o moço tem mau-hálito ou pau fino?

Capítulo terceiro: do orkut

-Cara, o orkut dele não é careta!
-Como assim?
-A cada dez scraps, doze são de mulheres!
-Todas apaixonadas?
-Tipo ode a Manoel Carlos!
-Hahahahahahahahaha.
-Sem sacanagem, mulherada cita Goethe, Lope de Vega, Baudelaire...
-Noooooosssaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
-Tem as que metem um Chico Buarque e um Rubem Fonseca, pra se fazerem de básicas, sabe assim?
-Sei, distraídas...
-Isso!
-E você?
-E eu o quê?
-Ué, que tipo de scrap você manda pro galanteador?
-Eu não mando scrap, eu vou de testemonial...
-Vaca!
-De divinas tetas...

Dica prática: se o moço recebe scraps apaixonados de trezentas mulheres por minuto e não está efetivamente com nenhuma delas, ou não quer nada com ninguém, ou quer, mas está inseguro, ou, ainda, não quer, mas precisa achar que quer. Para qualquer uma dessas hipóteses, surge a pergunta: vai encarar? Se a resposta for positiva, a dica é uma só: valeriana e meditação, pelo menos três vezes ao dia.

Por hoje é só, meninas.

Espero, de coração, ter ajudado.

Queria apenas ressaltar que, caso esteja passando por alguma dessas situações, não desacredite na humanidade. As coisas estão difíceis pra todo mundo e a internet, como grande simulacro que é, não poderia estar em situação diferente.

Sugiro, por fim, o filme “Denise está chamando”, disponível nas locadoras mais alternativas, tipo Estação, Macedônia ou Cavídeo. É uma história sensível, que aborda lindamente a questão das proximidades e distanciamentos.

Agora, por favor, depois de pegar o filme, não vá ao mercado comprar doritos, porque isso não leva ninguém a lugar nenhum! Compre batatas, cozinhe e recheie com requeijão.

Ótima opção, enquanto o requeijão de verdade não vem...

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Dicas práticas para não queimar o filme com as gatinhas parte 2 (ou molhadinhas, agradecemos)

Existe limite pra tudo e sabemos o quanto é difícil enxergá-lo, principalmente quando estamos sensíveis, apaixonados, bêbados, inseguros, cheios de tesão, tristes ou tudo isso junto. Assim sendo, para garantir o teor didático deste blog, segue mais uma lista de dicas práticas para evitar que vocês, bons moços de plantão, sejam excluídos de vez da vida das gatinhas que lhes fazem gemer sem sentir dor.

Capítulo primeiro: da tentativa de vencer pelo cansaço

-Vai ficar calada?
-O que você quer que eu diga, baby?
-Bem, se não quiser dizer nada, não diga.
-É que eu não gosto de me repetir, entende?
-Sim, sim, entendo perfeitamente.
-Que bom!
-Só acho que você exagera quando diz que eu não sou gentil contigo...
-O que pra você é exagero, pra mim é básico, como já te disse umas trinta vezes: gosto de homem que me convida pra sair, que queira fazer algo além de trepar e, principalmente, que não deixe claro a todo instante que não curte ser visto comigo em público!
-Poxa, o fato deu não querer pagar de namoradinho não significa que eu não goste de você.
-Ok, computer.
-O quê?
-Nada, baby, agora tenho que ir, tá? Outra hora a gente conversa.

Dica prática: se não tem por hábito valorizar a dama cuja bucetinha você não consegue esquecer de jeito nenhum, tente pensar nela como uma mulher por inteiro, portadora de opinião. Caso não consiga, deixe ela pra lá, pois fazê-la repetir muitas vezes a mesma explicação é o mesmo que lhe esfregar nas entranhas um poderosíssimo adstringente vaginal.

Capítulo segundo: do desespero

-Até que enfim! Achei que não ia retornar minhas ligações nunca mais!
-Meu celular quebrou, lembra?
-Sim, lembro, mas não dava nem pra pedir um telefone emprestado e me ligar a cobrar?
-Eu tava meio ocupada pra isso, querido...
-Pô, mas em quatro dias você podia ter dado um jeito de entrar em contato, não?
-Podia, sim, se você não tivesse sido avisado de que eu estava viajando...
-...
-Bem, eu tenho a consciência tranquila de que não fiz nada de mais.
-Ah, agora vem falar de consciência?
-Venho, sim!
-Legal isso, legal mesmo!
-Deixa eu te falar uma coisa: a gente ficou quatro vezes, foi super legal, você é gentil, atencioso, gostoso, interessante, mas achei um pouco demais de sua parte deixar dois recados desaforados na secretária do meu celular quebrado enquanto eu viajava a trabalho! Você sabia que eu ia voltar hoje, não tinha por que essa sangria desatada!
-Ah, agora eu sou o desesperado e você é a princesa?
-Passo o posto de princesa, que não faz meu gênero, mas confesso que fiquei bem passada.
-Você acha que eu tô desesperado e que vou grudar no seu pé, né? Pode falar!
-Veja bem, quem está usando a palavra ‘desesperado’ é você...
-...
-Sinceramente, acho que talvez seja melhor você procurar uma menina que esteja numa sintonia parecida com a sua.
-O papo da sintonia é pra me dispensar, certo?
-É pra te deixar livre pra encontrar alguém que curta essa marcação cerrada.
-Beleza, então! Só te digo uma coisa: você não sabe o que tá perdendo.
-Sei, sim. Acho inclusive uma pena isso ter acontecido, mas, enfim, é a vida...

Dica prática: se está começando a sair com a menina e o sexo está fluindo bem, observe se de fato ela te deu motivos para perder as estribeiras. Se não deu, fique frio e aja com cautela. Sinais de desconfiança extrema fazem com que a dama fique com medo de você ser um cara possessivo demais.

Capítulo terceiro: do impedimento

-Mô, tô pensando em fazer uma lasanha de berinjela pra gente nesse final de semana.
-Ih, gatinha, esse final de semana tem campeonato de playstation na casa do Romano...
-Mas o fim de semana todo?
-Pior é que é.
-Nossa, que radical!
-Pô, tá marcado há mó tempão...
-Tá bem, então a gente faz na quarta, que eu não tenho aula à noite. Eu trago um vinhozinho e tudo...
-Pô, gatinha, quarta é a final do campeonato carioca, vou no Maraca.
-Mas essa final não foi no domingo passado?
-Não, no domingo passado foi a final da Libertadores.
-Ah tá...
-Mas a gente pode fazer essa lasanha na segunda.
-Segunda não dá, que tal terça?
-Terça tem a pelada mensal na Lagoa, não pode mesmo ser na segunda?
-Na segunda eu teria que matar aula de Análise do Discurso.
-Pô, mas essa matéria é mole, você só tirou dez até agora.
-A questão não é a matéria ser mole ou não. É uma aula que eu gosto de ir por conta das discussões...
-Você gosta é do professor bonitão, que eu vi seu jeito naquele dia que fui te buscar.
-Agora vai querer meter essa?
-Quem tá querendo meter é ele, que eu saquei a marra do cara na hora.
-Fala sério!
-Tô falando, porra! O sujeito usa o charme de professor pra conquistar as menininhas. Fato!
-Vamos fazer o seguinte: você joga todo o playstation que houver nessa vida, todas as peladas das quadras da Lagoa e completa o pacote assistindo a qualquer jogo de futebol que esteja agendado em território nacional!
-Ihhhhh...
-Ó, ouvi falar que tem decisão da categoria sub-20 esses dias, se não me engano é algo tipo XV de Jaú contra XV de Piracicaba...
-Tsc.
-Pô, jogão! Vai perder?
-...
-Daí, quando você tiver um tempo na agenda, me liga, e, se eu não estiver no meio da aula, analisando o discurso ou a mensagem subliminar de algum professor bonitão, quem sabe eu venha a te atender...
-Tenho medo de ameaça não, gatinha...
-Pois devia!

Dica prática: se a moça tem um professor sedutor e você já sacou o clima entre eles, não sugira a lasanha justo pro dia da aula do cara, ainda mais se sua sugestão tiver sido motivada pela falta de tempo em virtude de pelada, playstation ou final de campeonato. Tudo isso só faz você parecer cada vez mais infantilizado em comparação ao bonitão caga-regra. Até ela sacar que ele é uma farsa, você já vai ter perdido a dama. Na dúvida, é melhor não arriscar.

Capítulo quarto: do choque de ordem

-Você vai com essa blusa mesmo?
-Vou.
-Meio decotada demais, não?
-Sim, mas é linda. E, se não me engano, foi você que me deu, lembra?
-Fui eu, sim, mas quando ainda não era seu namorado...
-Já sei: você tá querendo arrumar uma briguinha pra dar aquela trepada reconciliadora antes da festa, né?
-Não.
-Para de brincadeira, então, gatinho.
-Quem dera eu tivesse brincando...
-Hahahahahahahahahahaha.
-Eu tô falando sério, princesa.
-Você está querendo me dizer que enquanto não éramos namorados, eu podia andar com o decote que fosse, que isso não era problema seu, certo? Mas que agora, como sua gatinha, preciso me vestir de forma discreta, pois você não quer que seus amigos se sintam atraídos pela gostosa de plantão aqui, é isso?
-Não é que eu não confie em você. Eu não confio é neles!
-Ahhhhh...Agora tá tudo explicado!
-Não fica putinha, vai, boneca!
-Boneca é o que você vai ter que arrumar se eu tiver que trocar de blusa! Só que vai ser dessas infláveis, com a boca abertona!
-Ei, calma!
-Calma? Tá achando agora que vai me dizer o que vestir?
-Você tá ficando descontrolada!
-Olha, descontrolada ou não, eu tô pronta pra sair. Agora se essa discussão idiota continuar, dá tempo deu trocar essa calça por uma mini-saia, que tal?

Dica prática: se você não é Christian Dior nem Yves Saint-Laurent, evite se meter no modelito da namorada, já que, afinal de contas, quando você a conheceu, provavelmente ela já se vestia assim. Respire fundo e pense que o que faz uma dama não é o modelito e sim a postura. Se conseguir se acalmar, provavelmente seus amigos vão morrer de inveja por conta da potranca super caidinha por você. Porém, se não for esse o caso (e a situação lhe parecer para lá de insuportável), há sempre a opção de sair sozinho.

Por hoje é só, meninos.

Espero ter ajudado.

Cabe ressaltar que os casos acima narrados, infelizmente, são baseados em fatos reais.

Portanto, não engrossem o volume dessa triste estatística.

Reajam!

Posso adiantar que nós, molhadinhas, agradecemos...