quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Sistema digestivo


Houve um tempo

Em que o mundo apenas havia

Como se só importasse o que existisse

Não o que carcomia

Agora

(Com os novos ventos)

Feito devotos sem romaria

Comemos dias

Cuspimos caretices

Vomitamos monotonias

E pra não perder o hábito

Nem abdicar da tirania

Lamentamos o perecível

E a morte da alegria

Como escravos do risível

Vestidos de rebeldia

Numa saga invisível

Sem gosto

Colosso

Nem fidalguia

domingo, 23 de janeiro de 2011

Dez passos para disfarçar uma segunda de sexta


1) Coloque os problemas em ordem decrescente de importância

2) Comece resolvendo um simples, pra ganhar confiança

3) Vá direto ao mais cascudo, pra dar pujança

4) Compre uma cerveja boa na promoção do Mundial

5) Ponha uma calcinha de renda (ou uma cueca maneira)

6) Diga que nada é pra já pelo menos uma vez

7) Assista a um capítulo de 'Vale Tudo' no youtube só pra ver como o Brasil de hoje é mais otimista

8) Peça a um idoso pra lhe contar uma bagaceirice do passado

9) Pense em como será sua vida daqui a dez anos

10) Caso não goste de samba, pelo menos faça amor até mais tarde

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Ticket to ride


Só tem norte

Quem vem do centro

No vento da sorte

Na asa do pensamento

Só tem porte

Quem está atento

Ao valor do corte

E à palavra de alento

Que vida

Para além de dote

É meio de transporte

Ciranda sem mote

E passagem

(Sem volta)

Pra tudo que temos por dentro

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Jean-Luc


Perguntar se é bonita

Prum gajo ponta-de-lança

É jogar charme

Fazer a phyna

Dar aquela confiança

Sentindo que causou

Stress ou mal-estar

Diga que é só a abertura

Do Desprezo

De Godard

Se ainda assim

Sua fala

Posar de bobagem

Apele pra malandragem

E diga que a sacanagem

É prima-irmã

Da metalinguagem

sábado, 8 de janeiro de 2011

What if land


E se Homero

Numa atitude insana

Trocasse seu drama

Por um bom lero-lero?

E se achasse a sereia bacana

A levasse pra cama

E acabasse o mistério?

O chato da odisséia

De se amarrar sozinho

É esquecer que colo é ninho

Vinho, ideia

E estreia, caminho

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Tao


Não

Fique

Tão

Triste

Perto

De

Mim

O

Que

Não

Se

Sente

Até

O

Fim

Nem

É

Tão

Verdade

Assim

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

À la carte


Colheres de saudade

Toneladas de alegria

Pitadinhas de maldade

Pétalas de melancolia

Misture sem piedade

(Se tiver, pingue baunilha)

Sirva de entrada a vontade

E de tempero, a fantasia

Pra beber, honestidade

De sobremesa, poesia

Convide a comunidade

Os vizinhos, a família

Adote a unanimidade

Seja burro por um dia

Que melhor que ter razão

Juízo, ciso ou fidalguia

É ser feliz de antemão

Despedir o patrão

E esquecer a mixaria