quinta-feira, 30 de junho de 2011

Cinco passos para não regular a mixaria


1) Se não vai faltar pro leite nem pro pão nem pra cerveja, dê um real ao entregador: duvido que você vá ficar mais pobre.

2) Diga bom dia sem se irritar com a ausência de retribuição: a presença dos porcos não invalida as pérolas.

3) Reconheça o talento alheio: quanto maior o número de constelações, mais iluminado será o caminho.

4) Se começou, vá até o fim: o pote de ouro não fica depois do arco-íris por acaso.

5) Agradeça até mesmo pelas mínimas coisas: alma é o tipo do negócio que não tem fita métrica.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Bilhete único


Indecente

(E cafona)

É o autorreferente

Que não perde a viagem

E vive de carona

Na metalinguagem

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Real sugar

imagem by Jeremy Guedes


Love

Is a question of

Do que nos move

(E do quanto chove)

Por dentro

sábado, 25 de junho de 2011

Dez sugestões para status de relacionamento do Facebook


1) Está bem sozinho(a)

2) Está precisando de sexo casual

3) Está precisando de sexo nem tão casual seguido de conchinha

4) Está em um relacionamento sério com sua auto-estima

5) Está com necessidade de dizer eu te amo mais vezes

6) Está circulando em outros picos pra ver no que dá

7) Está em um relacionamento enrolado com o passado

8) Está cansado(a) de lero-lero

9) Está precisando parar de ser cobrado(a)

10) Está com apetite pro que aparecer

Pescaria


imagem via streetartutopia

Quem não arrisca

Não petisca

E de fora da pista

Mordisca a isca

Arisca

Da preguiça

Niilista

quarta-feira, 22 de junho de 2011

J.P.S. (pro Clube da Leitura)


Essa mania de citar Jean-Paul Sartre me irrita, até mesmo por que, quase sem exceção, a maior parte das pessoas só conhece mesmo uma de suas frases, a célebre ‘o inferno são os outros’. Tá bem, camarada Sartre, tudo certo, eu te entendo, você disse isso num contexto difícil e não serei eu, mera cronista metida a poeta nas horas vagas, a te julgar. Ainda mais se tomarmos 'os outros' como todos e quaisquer seres que nos aporrinham, seja a sogra que não corta o cordão umbilical, a caixa da padaria que pergunta se você não tem nota menor mesmo quando você deu a ela os últimos dez reais que tinha na carteira ou o professor de inglês, a bradar que ‘the book is on the table’. Aliás, sinceramente, onde mais estaria o livro se não em cima da mesa? Em cima do fogão? Do tábua de passar? Da pia? Mas isso não vem ao caso e mais uma vez estou eu a digredir como uma baiana de férias em Amsterdã, esquecida de que o foco deve permanecer nessa coisa do inferno serem os outros. Assumindo que isso seja verdade, por que motivo a gente buscaria a cura dentro da própria alma? Pra quê tanta terapia, mapa astral, floral, meditação, tarja preta e ioga? Se levássemos a máxima de Jean-Paul ao pé da letra, seríamos pacatos ermitões das colinas, felizes em nossa própria companhia, munidos, naturalmente, de micro-ondas, internet, celular, vibrador e sopas congeladas. Mas que nada, gente que é gente gosta de fluidos, sejam eles verbais, espirituais ou saídos de nossas benditas glândulas. Gente mesmo, como disse Caetano, é outra alegria. E alegria está também na divergência, em olhar pro colega do lado e poder dizer a ele que não concorda com nada do que ele diz, que não gosta das roupas que ele veste - muito menos do jeito que ele olha pro sol, mas que, ainda assim, o observa. Que, ainda assim, quer ouvir seus devaneios e ficar na torcida pra que, na sua diferença, ele seja feliz também. Porque a felicidade, quando democrática, vira prima-irmã da esperança e se torna capaz de mandar tudo pro inferno.

A verdade é que esse é um assunto tão interessante, mas tão interessante, que eu poderia ficar dias discorrendo sobre ele, mas no momento o feijão está no fogo precisando de minha atenção. Antes de voltar pra cozinha, queria pedir encarecidamente uma coisa pra vocês aí do outro lado do monitor: aconteça o que acontecer, eu não quero ser citada, que não sou filósofa, nem cientista, nem membro de nenhuma academia. Além do mais, sem querer baixar o nível, que isso aqui é um blog de categoria, poeta que é poeta gosta mesmo é de ser ex-citada.

domingo, 19 de junho de 2011

On the rocks


street art by JR

A que será

Que se destina

A retina

Quando se está nu

Sem (vontade de) dizer

I Love you?

sexta-feira, 17 de junho de 2011

As a bird




imagem via laborda.tumblr.com


Liberdade

É se prender

E ater

Pela mais espontânea das vontades

A tudo que te deixa solto

Disciplinado

(Ou louco)

De verdade

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Man Machine




É sórdido

Dizer que o tempo

De tão sólido

Virou exercício

Pífio

Do lucro óbvio?

sábado, 11 de junho de 2011

Classe C


Gosto das rimas pobres

Que estudaram em escola pública

E esfregam a parte púbica

Na cara dos esnobes






imagem by pauloanomal.blogspot.com

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Vip


imagem via laborda.tumblr.com


Será que só com meio sorriso

Se come fruto proibido

Sem sair do paraíso?

sábado, 4 de junho de 2011

Rafinha Bastos


Uma vaia ao machista chato

Mamute estupefato

Que não semiotiza

E só nos horroriza

Com sua fala

Sem tato

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Big bother



imagem via alaaleali.tumblr.com

Falar no plural

Que acha normal

Tecer loas

Ao mais banal

É engrossar coral

E buquê de flores

De caçadores

Da alegria boçal