segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Cosme e Damião Light


Doce é a coragem de seguir adiante

Mesmo sabendo

Que medo é obstáculo

Que dedo é tentáculo

E que intimidade

Para além de raridade

É desafio constante

sábado, 18 de setembro de 2010

Red rule number four

Sorrisos sinceros abrem até corações trancados por dentro

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Red rule number three

Exigir o incondicional é alimentar um coração de estimação.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Red rule number two


Esvaziar um coração é achar o que nem estávamos procurando

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Red rule number one


Marinar um coração é colocar óculos de grau no olho do furacão

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Cinco respostas que já nasceram sem perguntas


1) O verbo curtir vem enfrentando problemas de ordem semântica depois do facebook.

2) Mensagem no celular com trecho de poesia às duas da manhã costuma significar sexo iminente.

3) Só os homens cegos não veem nossas celulites.

4) Não criar expectativa sobre as coisas é como colocar camisinha na alma.

5) Conexão pouca meu wireless primeiro.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Seca e suave


O local é a fila do banheiro de uma festa. A circunstância, uma conversa entre duas mulheres.

A tristeza era que uma delas se achava muito amiga da outra.

-E aí, gostosa, tudo bem?
-Isso é comigo?
-É lógico, com quem seria?
-Não sei, mas o fato é que não sou gostosa.
-Claro que é. Todas nós nessa fila somos.
-Olha só, que fique bem claro: eu não virei lésbica.
-Sei...
-Nem ostra eu como.
-Hahahahahahaha, tinha me esquecido de como você é divertida!
-Ô.
-Tá trabalhando com o quê mesmo? Não me lembro mais.
-Jura?
-Juro!
-...
-Mas diga: você trabalha com o quê?
-Eu escrevo.
-Escreve o quê?
-Primeiramente sílabas, depois palavras, depois frases, parágrafos e por aí vai.
-Tá, mas escreve pra onde?
-Pruma revista.
-Jura?
-Acho desnecessário jurar.
-Qual revista? Marie Claire? Contigo? Minha Novela? Boa forma? Dieta Já? Capricho?
-Não.
-Pra qual?
-Pra Carta Capital.
-Carta o quê?

Nesse exato momento, o sangue, que não costuma se manifestar de forma corriqueira nas veias da economista, ferveu num nível Glenn Close advanced e por pouco seu raciocínio não ficou comprometido. Respirou fundo e viu que havia chegado sua vez na fila. Fez, de forma desesperada, seu xixi de pé, e, contrariando as leis da higiene, sequer lavou as mãos.

Pra completar o kit fuga, rumou pra pista de dança e deu mole pro primeiro que apareceu.

Quando já estava pra ser chupada pelo mancebo é que foi lembrar que não tinha se limpado na festinha.

Mas aí já era tarde, deixou quieto. Se desse sorte o moço nem repararia.

Na manhã seguinte, tomando café da manhã no motel, naquele intermezzo entre a fome e a vontade de comer, teve de ouvir:

-Posso te falar uma coisa, gatinha?
-Claro.
-Adoro mulher apertadinha que nem você.
-É mesmo?
-É.
-Que ótimo.
-Posso falar outra coisa?
-Claro.
-Gosto também de bucetinha freestyle, sei que não é todo homem que curte, mas eu me amarro.
-Legal, mas o que seria uma bucetinha freestyle?
-Ah, tipo a sua, toda trabalhadinha no xixi.
-Ah.
-Se a gente sair de novo, você promete que repete a dose?
-Eu não sou muito de promessas...
-Você é divertida.
-Ô.
-Trabalha com o quê mesmo? Não me lembro mais.

Depois dessa, viu que era game over. Pediu a conta, o táxi e avisou no trabalho que estava indisposta.

Pra se garantir, ligou pra farmácia e pediu um carefree.

Na euforia de ficar úmida e intensa, acabou esquecendo que por vezes o melhor a fazer é permanecer seca e suave.