segunda-feira, 30 de maio de 2011

É uma menina!

imagem via alaaleali.tumblr.com


Há exatos quarenta anos, mamãe me colocava no mundo. Dopada de anestesia, papai teve de repetir pra ela umas oitocentas vezes que quem tinha chegado era uma garota, peça que eles tanto queriam, sem confessar, pra raspar o tacho da filharada. Comigo somos dois casais de irmãos e hoje só posso agradecer a deus a sorte de ter nascido no meio dessa galera, que me deu as ferramentas pra sonhar com os pés no chão. Muito bom também ter tantos amigos, vocês me enchem de alegria.

Se a vida começa aos quarenta, quero dizer a ela que estou pronta.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Personal fucking me (pro Clube da Leitura)

imagem via laborda.tumblr.com


Esse negócio de ter estilo é um problema sério. Eu diria até, da forma dramática que me é peculiar, que chega a ser uma espécie de bina estética, uma assinatura indelével, quase virtual, se virtual não tivesse assumido o sentido que assumiu de umas décadas pra cá, naturalmente. Resumindo, se é que dá pra deixar de ser prolixa, eu preferia ser uma mulherzinha comum e ter um final de semana trivial, um pouco de bicicleta no aterro, um vinho de leve e uma trepadinha monumental. Mas meu fim de semana de trivial não teve nada. Comecei, como não poderia deixar de ser, queimando a largada. Combinado um cinema com o gatinho, tratei de me atrasar, que ser pontual às vezes cansa. Pra quê? Cheguei e ele tava com uma tromba desnecessária, pronto, abri mal a noite, entrei com o pé esquerdo na sexta e, ainda por cima, tava toda de preto. Lembro de alguém ter me dito que isso não era bom, que na sexta o ideal era andar de branco. Acho que foi uma amiga macumbeira que tive na faculdade. A mãe dela comandava um terreiro em Inhaúma, uma vez ela me levou lá e me disseram que eu era filha de Ogum. Essa amiga eu nunca mais vi. Mas, voltando ao final de semana, apesar da tromba de cima, dei pro bofe, que a tromba de baixo não era de se jogar fora. Sempre tive queda por paus expressivos e esse em especial quase dizia bom dia em manhãs de sol. Sábado foi aquela coisa, ovos mexidos, café com leite, beijos com bafo de vinagre, trepadinha quase monumental. À tarde vim pra casa e, na tentativa de não me entregar ao sedentarismo, fui caminhar, pra queimar umas calorias, que depois dos vinte e cinco, o metabolismo dá uma caída e não é bom ficar muito parada, ainda mais em se tratando de uma quase intelectual como eu. À noite achei melhor me poupar, mas o telefone tocou e mudei de opinião, quando dei por mim, eram oito da manhã e eu pedia a saideira na Lapa, me sentindo uma ilha cercada de respostas por todos os lados.

O domingo foi dedicado ao chá de boldo, à carqueja e à água-de-côco, parceiros dos que pensam que cachaça é água. Pra fingir que tava viva, passei na locadora e peguei um filme dos irmãos Cohen. Chegando em casa, banho tomado, certezas formuladas, toca o telefone, era a trepadinha quase monumental querendo um flashback de sexta. Pensei imediatamente que os flashbacks não são mais como eram antigamente. O povo sente saudade das coisas muito rápido. Deve ser pra poder esquecer mais rápido ainda e continuar pisando fundo, até ter de parar, de cara pro abismo, que diante dele ninguém acelera.

Só os cegos.

Ou os que têm muito estilo.

terça-feira, 24 de maio de 2011

Weekend

imagem via alaaleali.tumblr.com


Segundas

Se não domadas

Acabam tomadas

Por varejo profundo

E fortuito

Que ataca

Em circuito

Vagabundos

E madrugadas

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Logout


ilustração via pauloanomal.blogspot.com


Vida sã

É a de Tupã

Que não tem elã

Pra mandar spam

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Just do it



via alaaleali.tumblr.com




Quem não se justifica


(o tempo todo)


Sempre alcança

terça-feira, 10 de maio de 2011

Inteira

imagem via laborda.tumblr.com


Numa sala sem estar

Uma meia sem par

Procura um all star

De cada coisa

E vê

Detrás da moita

Que gente afoita

Deve

É arrumar

Um lugar

Pra relaxar

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Be (Loved)

ilustração by Carlos Monteiro


O

Homo

Afetivo

Pleito

Torna

O

Afeto

Afeito

A

Quem

É

De

Direito

terça-feira, 3 de maio de 2011

Passaraio

imagem via pauloanomal.blogspot.com




Disfarçando

Voou

Um

Surdo

Que

Deixou

Um

Sussurro

Pra

Cantar

Memória

domingo, 1 de maio de 2011

Faixa etária


ilustração by Carlos Monteiro

A infância da paciência

A primavera da ausência

E a puberdade da impermanência

Declaram

Numa carta de anuência

Que existência

É mar

Sem par

Feito

Especialmente

Pro dormente

Ofício

De amar