sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Dia de musa

A internet tem coisas que até a internet duvida. Como Fábio, um jornalista que um dia veio aqui no blog e ficou amarradão. Não deu um mês e a gente já tava mostrando textos um pro outro, não só os nossos, mas os de outras pessoas também. Assim, naturalmente, começamos a conversar sobre as coisas da vida, entendendo-se como coisas da vida o sexo, o trabalho e as relações inter-pessoais, exatamente nessa ordem. A real é que o Fábio mora em Blumenau e nos falamos volta e meia pelo msn. Nos escutamos e tecemos comentários. Somos meio que consultores para assuntos do sexo oposto um do outro e, uma das coisas que eu sempre disse é que todo garoto novo que nem ele, com vinte e poucos anos, merece ser comido por uma mulher mais velha, de trinta e tal, que nem eu. Minha tese gira em torno do fato de que a vantagem dos homens mais novos é a carga de neurose reduzida. Já a das mulheres mais velhas, é aliar o fetiche da balzaca à possibilidade de algo além do sexo burocrático e das conversas pra boi dormir. Mas, pra isso, há de se ter coragem, porque dá medo encarar um mulherão que já teve vários machos antes. Explico que, nesse tipo de relação, a linha do tempo, uma hora ou outra, se mostra implacável. É mais ou menos assim: enquanto o garoto batia sua primeira punhetinha e o máximo que fazia era arrasar no recreio, a mulher já esbanjava na prorrogação, fazendo (e levando) gol atrás de gol. Fábio acha legal meu discurso, apóia minha preferência, acha até que seria bom seguir meu conselho e arrumar um mulherão assim, mas ele não curte, fazer o quê? Ele gosta de garotinhas. E ponto final.
Acontece que o rapaz é escritor e já vinha me dizendo que tava bolando uns contos em que eu seria uma das personagens. Daí ontem me veio com esse texto. Além de alegrar meu dia (que chato ser musa...), ele escreveu pra todas as mulheres fortes e pra todos os garotos novos que as admiram. Um texto sobre encantamento, nudez e fetiche. Para comer com os olhos.

Sirvam-se à vontade:
http://fabioricardo.wordpress.com/2008/10/30/o-principe-encantado-ou-nao/

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Anônimos

-Como assim colocar o despertador pra meia hora antes só pra dar uma rapidinha?
-Ué, não é todo dia que podemos ir trabalhar tão relaxados, não é mesmo?
-Cara, mas isso eu nunca vi, sinceramente.
-Bem-vinda ao mundo dos tarados anônimos!
-Hahahahahahaha.
-Se eu der mole, rola até videozinho, esquema fetiche.
-Vem cá, ele é tarado, mas é normal, né?
-Sim, ele é um cara que marca as paradas e comparece com animação, não tem nada de errado nisso, tem?
-Claro que não, mas vocês tipo conversam?
-Lógico, né? De vez em quando ele reclama das minhas unhadas e me chama de mulherzinha.
-Não tô falando desse tipo de conversa!
-Tá falando do quê, então? Astrologia? Culinária? Crise mundial?
-Não! Mas por exemplo, esse lance do despertador, foi uma coisa conversada?
-Foi, porque da outra vez ele já tinha mandado essa, que a gente podia ter acordado uns 20 minutos mais cedo, que era o tempo contado pruma rapidinha básica.
-Caralho, ele é metódico!
-Parece que sim.
-Parece?
-É, ele é metódico.
-Quem diria, você comendo um metódico, logo você, que só anda com os caóticos!
-Pô, mas eu não tenho nada contra o método.
-Tô vendo...E a rapidinha, é boa?
-Sim. Incrível como realmente chego no trabalho mais relaxada...
-Que coisa, hein!
-É.
-Vem cá, você não tá de 4 por esse moço não, né?
-Olha, sempre que encontro com ele fico de 4.
-Hahahahahahaha.
-É inevitável: ele manda, eu obedeço.
-Jesus amado...
-Ah, uma submissãozinha de leve não faz mal a ninguém, vai! Depois é só virar o jogo, que nem no judô.
-Por isso as manchas roxas!
-Exatamente. Olha, amiga, tenho que ir pro pilates, mas a gente se fala, tá?
-Beleza, bora marcar o bota-dentro do apê da Lia, ela descolou um cantinho lindo no Flamengo.
-Bora! Só marcar e me avisar. Ando arrasando quando o assunto é botar dentro...
-Lasciva!

Nem era hora do pilates, mas aquele papo tava começando a dar nervoso. Não tava a fim de entrar em maiores detalhes, porque conselho de amiga é até legal, mas nesse caso, o melhor era botar o bloco na rua.

Até mesmo porque atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu.

sábado, 18 de outubro de 2008

O bafo

-Tô fazendo Feng Shui mesmo!
-Mas você acha que precisa despachar o bofe assim tão radicalmente, nega?
-O cara é um musicoterapeuta durango kid!
-Tá, mas dá uma chance, ele pode ser legal, vai...
-Ele me perguntou se 12 reais era o preço da garrafa de uísque. Quase morreu quando falei que esse era o preço da dose que sempre peço! Fala sério!
-Putz, que sinistro.
-Isso no Lamas. Imagina se fosse num lugar mais chic!
-O pior não é ele achar caro e decidir não consumir...
-Porra, o pior é ele achar que a garrafa de uísque custa 12 reais, né, bela?
-Exatamente! Demonstra total falta de ambição.
-Péssimo isso, tô quase precisando de um uísque agora, às 3 da tarde.
-Duplo!
-Cowboy, pra descer ardendo!
-É, mas pensa assim: antes isso do que nada.
-Não, na boa, já vinha perdendo gradativamente o tesão nele. Outro dia no motel ficou reclamando na portaria que tinham cobrado uma camisinha a mais. Situação constrangedora, eu sem saber onde enfiar a cara...
-Que péssimo.
-Bizonho! Mas vamos falar de coisas boas: passei na prova do MBA em Marketing ambiental e reciclagem pró-ativa. Começo daqui a 2 semanas.
-Que linda, arrasou!
-Foda, né?
-Ai, parabéns, queridona. E aí, tá animada?
-Super, tá total na hora de investir em mim mesma.
-Lógico! Mas vai dar pra conciliar com seus freelas?
-Vai ter que dar. Quanto mais ocupada você tá, mais neguinho valoriza seu tempo.
-Isso é ótimo.
-Alguém tem que pagar meu uísque, né?
-Hahahahahahahahaha. Cruel!

E assim, afastada do clube da derrota e próxima dos executivos bem-na-fita, levou seu MBA regado a black label. O balanço final foram três desquitados: dois com disfunção erétil e um com ejaculação precoce. Pra quem reclamava do gatinho pleiteando desconto na porta do motel, a vida nem tinha evoluído tanto. Chegou a ter um pensamento retroativo: pelo menos o durango kid era duro do início ao fim.

Uma semana depois da formatura, seguindo os ditames da reciclagem pró-ativa, voltou pras sessões de musicoterapia.

A aposta agora era na partida de bafo, pois é fato que figurinha repetida não completa álbum.