segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A sobremesa

-Você pensa que não, mas tô ligada na tua, bela.
-Do que você tá falando, xuxu?
-Dessa onda de princesa que você tira, como se no colégio tivesse sido uma santa...
-Nunca fui santa! Casei virgem, é diferente.
-Às custas do próprio cu, né?
-Você é muito baixa, Deus me livre...
-Posso ser baixa, mas pelo menos vou tranquila ao proctologista.
-Grande merda.
-Olha, eu tenho uma teoria de que isso é coisa de tijucana.
-Para de show! Vai dizer que no Méier ninguém tem cu?
-Claro que tem, mas esse ranço cheira à Tijuca.
-Querida, isso é coisa de quem passou dos 30. A mulheradinha de hoje tá dando muito cedo, mas dando normal, que retaguarda virou retrô.
-Virou, é? Ainda bem que você tá me avisando, muito obrigada, ia morrer sem saber.
-Engraçadinha à beça você. Duvido que tenha transado com Alexandre antes de casar.
-Pior é que transei.
-Fala isso só pra dar de moderna...
-Quer ligar pra ele?
-Esse papo tá me dando nos nervos já!
-Discagem rápida, vai?
-Aff...
-Qual foi? Se aborreceu? Tamo conversando normal...
-Sei.
-Ai, amiga, casar com otário faz parte.
-Otário? Carlos Alberto é o homem da minha vida, como assim, otário?
-Você enganou o bofe direitinho com essa onda de princesa virgem, vai. Se ele não é otário, não sei quem é...
-Olha só, mesmo sem ter que dar satisfação da minha vida, vou te dizer uma coisa: se eu não fizesse a linha princesa jamais teria entrado na família de pai milico e mãe dona de casa. Detalhe: a mãe dele, que Deus a tenha na paz e na luz, fazia reuniões toda quarta-feira pra vender tupperware, sabe o que é isso? Eu perdi muitas tardes nessa e até hoje tenho pesadelos com embalagens plásticas. E pra quê? Pra ser aceita no clã dos Lima! Sinto lhe informar, mas isso, minha linda, dói muito mais do que uma ofensiva por trás.
-Hahahahahahaha! Reunião de tupperware!
-Portanto, fui é muito perseverante, isso sim!
-É, essa foi foda.
-Tem muito mais, só não fico divulgando pra não expor os podres da família e nem difamar os mortos, que isso não é coisa que se faça.
-Sogra boa é sogra morta, né?
-Não fala assim que Dona Germana foi uma mulher avançadíssima pra época.
-Sei, mas e o Carlos Alberto, já comeu seu cu?
-Lógico!
-Logo que vocês casaram?
-Não, tudo tem seu tempo.
-Hahahahahahahahaha.
-Nunca ouviu falar que cu doce é sobremesa de pica?
-Hahahahahahahahaha.

Riram por horas.

Ainda bem que eram amigas desde que o mundo era mundo e que adoravam falar uma bagaça, só pra relaxar vez por outra, quando tiravam folga do posto de rainhas do lar e iam escondidas tomar um drink no Country Club, enquanto as pequenas estavam no ballet, que judô é coisa muito masculina.

Pior é ter de admitir que hoje em dia, mesmo sendo a monarquia uma coisa retrô, ainda tem muita mulher independente querendo um príncipe que abrace sua vida, pague suas contas e ainda goste de discutir a relação.

Precisam entender que homem pra tudo não dá.

E que sobremesa é só pra quem comeu direito.

7 comentários:

Manuel Thedim disse...

Divertidíssimo! Sou fã do seu texto.
Já lhe disse isso, mas nunca é demais repetir.

Marina disse...

adorei, pra variar.

C.C. disse...

Huahuahua
As discordãncias e as risadas de concordância das duas é tudodebom.com.br
Aquela dica bafo veio sob medida!

Fico feliz pela colaboração de tabela... rs

Bjks

M. disse...

eu tendo a não acreditar em principe encantado...

pode gostar só de sapo?

Juju disse...

"cú doce sobremesa de pica é ótimo" hahahahahahahhahahahahaha
amay!

Eugenia disse...

Poli, eu tenho uma amiga que repete: "cu é merecimento"...

Professora Gianna disse...

fenomenal.