quarta-feira, 11 de julho de 2012

Bruta flor do querer (pro Clube da Leitura)




Não sei exatamente se eram os belos olhos verdes que tendiam pro azeitona ou se a cabeleira, asa de graúna que fazia de seu rosto galho, mas alguma coisa em Janine indicava uma loucura serena. Procurando assim sem prestar muita atenção dava até pra achar que a causa era a perfeição: com nove meses largou a fralda, com um ano não mamava mais, com dois já dizia frases inteiras. Pensa comigo: onde já se viu ter tantos modos com tão pouca idade? Não era melhor deixar tudo isso pra depois, praquele momento da vida em que realmente precisamos ser sãos (ou fingir que o somos, mesmo não sendo)?

Pois bem, antes disso, no quintal da casa de sua avó em Inhaúma, num sábado como outro qualquer, poucas nuvens, muito calor, elástico e amarelinha com as amiguinhas, pique bandeira e queimado com os amiguinhos, Janine desabrochou.

Mas não desabrochou de repente, lógico.

Os anos tinham de fato passado e o banhos de piscina Tone no final da tarde com o primo Jonas, filho bastardo do irmão de seu pai, já não eram mais os mesmos. A camisetinha molhada revelava seus mamilos em flor e a sunga de Jonas, bem, essa já não escondia mais nada e só dizia, em riste, que estava ali para o que desse e viesse. E ali mesmo a coisa aconteceu, praticamente em ambiente aquático, atrás de uma mangueira secular e na frente de Didi, o papagaio da família.

Se não tivessem sido tão empolgados e escandalosos, só quem saberia dessa história seriam os dois, mas a frase ‘goza logo Janine’ foi repetida por muitos meses em alto e bom som por Didi, para o constrangimento de todos. Depois dessa, o casal ficou proibido de se ver, o que provavelmente renderia no máximo uns meses de reclamação seguidos de nota baixa na escola.

Mas para Janine a coisa foi além.

Anos depois, quando foi se deitar novamente com um rapaz, dessa vez um namoradinho direitinho, desses que levam no portão, pagam a conta e mostram o playstation, percebeu que não conseguia mais gozar.

‘Deve ser pela falta de intimidade’, pensava.

Mas os meses escorreram calendário adentro e, mesmo super íntima do mancebo, ela não gozava. Cinco namorados depois, já tinha perdido as esperanças quando, do nada, ouve em seu ouvido: ‘goza logo, Janine’.

Os cientistas devem estar certos quando afirmam que a região mais erógena de uma fêmea é o ouvido, porque de uma só vez Janine gozou, se livrou da culpa de ter comido o primo e ainda por cima aprendeu a alegria de ser submissa na hora certa, que a vida é muito curta pra ficar tirando  pendrive com segurança.

Bastou uma frase para tudo mudar.

What a diference a sentence makes. 


2 comentários:

silviomerg disse...

Voce anda demais Polianas!!!!!

Vivian disse...

Não fiquei pra ouvir, mas adorei ler!