domingo, 6 de outubro de 2013

Carta aberta às solteiras



Hoje minha crônica vai pras amigas que estão se sentindo encalhadas. Em primeiro lugar, que adjetivozinho de merda esse. Encalhadas ficam as pobres das baleias quando chegam muito perto da praia e, por não conseguirem se deslocar, têm uma lenta e dolorosa morte, pois seu próprio peso esmigalha os órgãos internos. Isso não pode ter a ver com a gente. Não é uma boa analogia. Portanto, tenta não repetir mais essa expressão, nem que seja em solidariedade ao destino trágico de nossas irmãs cetáceas. Partindo dessa premissa, vamos aos fatos. O que explica um monte de gente legal que tá a fim de se relacionar permanecer só? A resposta é simples e ao mesmo tempo complexa. É que muitas das vezes, impulsionadas pelas revistas de moda e pelas comédias românticas, olhamos de uma forma única prum fenômeno múltiplo. Lemos sinais de PARE onde há apenas placas de VÁ DEVAGAR. Cá pra nós, atire a primeira pedra quem nunca julgou finalizado algo que estava em construção pela mais pura impossibilidade de deixar a vida fluir como um rio? Homens bons não faltam, minha gente. Eles estão por aí, recém separados, solteiros, curiosos. Sempre dispostos a ficar de pau duro com algo que você diz com os olhos, com a boca ou com a boceta. Eles estão atentos a quem os deixa livres para se prender. Porque achar que ninguém quer se relacionar é balela. E achar que tem alguma coisa que você possa fazer pra ter determinada pessoa perto é a extensão mais cruel dessa balela. Não há nada que você possa fazer quando não há nada a fazer. Tesão acontece porque acontece. Cismas infantis enchem o saco, não só dos homens, mas das suas amigas que, pobrezinhas, têm de aturar você obcecada por um cara que não é pra ser seu, ou por não querer nada com compromisso, ou por ser um babaca, ou por simplesmente ter descurtido você. Mas a vida vai além do cara com quem você cismou. Digo e repito: os homens bons não acabaram, eles estão de olho nas mulheres que se preocupam mais em não se preocupar se eles estão a notar o tamanho de suas bundas. Observam também se você os faz rir, não de piadas repetidas, mas de coisas velhas contadas de um jeito novo.  Depois, quando já te penetraram com a alegria de seus falos, querem saber se você fica tranquila andando nua pela casa, se você gosta da sua vida, do seu trabalho, da sua família e se, mesmo tendo sido a mais piranha durante horas no tatame do amor, você sabe ficar séria e dizer que precisa ir embora. Sim, ir embora é uma arte. Nada pode marcar mais um território do que aquela que sabe ir, deixando pra trás uma fala, um olhar ou uma chupada. Quem fica com o cheiro da sua boceta no nariz quer ter um tempo pra bater aquela punheta sozinho lembrando  tudo que rolou. É a lembrança que gera aquela falta gostosa do corpo do outro. É ela que vai fazer as coisas rolarem (ou não). É preciso ter calma, vibrador, uma boa série baixada no torrent e vinho tinto.
Dá pra ser feliz nos intervalos.
É que de todas as zonas erógenas, a tranquilidade parece ser a mais produtiva. 

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