segunda-feira, 3 de maio de 2010

Dramaturgia mon amour (Otro e Corte Seco)


Durante Esperando Godot, de Samuel Beckett, em determinado momento, ouvimos da boca de um dos personagens um singelo: "Como o tempo passa quando a gente se diverte", frase que sempre me tocou profundamente, não só pelo contexto em que é dita (após uma brincadeira, no meio do nada rumo a lugar algum), mas, também, pela ode à alegria fugaz, mesmo que ingênua e aparentemente inútil.

Pois bem, nesse fim de semana, levada por amigas queridas (e gentilmente convidada por membros das equipes), acabei vendo o tempo passar de forma incrivelmente divertida e acidamente lancinante ao assistir a dois espetáculos dos quais saí acreditando novamente na dramaturgia pungente, dessas que tiram um raio-x sem dó nem piedade da raça humana, nos levando do riso nervoso à lágrima contida. Ao final, depois de acompanhar aqueles atores sem medo de ficar nus e nem de pegar uma gripe estética, eu já não me sentia tão constrangida pela extrema solidão a qual estamos todos condenados, mesmo na melhor das companhias.

Que nem criança, guardei os ingressos e, com a alma lavada, começo a semana.

Quem puder, não deixe de ir a nenhuma das duas peças.

Vocês vão ver: suas almas agradecerão.

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu tinha "problemas" com o teatro, até conhecer, via Rossine Feritas e paulo Mattos, e teatro contemporâneo carioca.

Amor verdadeiro. Amor edterno. E à primeira vista!

Bjs