-Acha mesmo que devo me fechar pro amor?
-Amor é o caralho!
-Calma, moça, assim tu me faz sentir um filho-da-puta sem ter feito filha-da-putice alguma...
-Basta você morar a quase dois mil quilômetros de mim e já está feita a putaria!
-Que putaria, guria? Eu só estou deixando as coisas acontecerem. Me diga agora: tu acha que a gente é possível? Duvido que aí no Rio tu não jogue charme pros moços que te agradam.
Mal sabe ele, poeta inconcreto, que o Rio de Janeiro só leva a fama. Quem deita na cama, quase que invariavelmente, são os homens de fora. Mas isso não estava em questão pra cronista desbocada: ela queria era molhar a ferida com água oxigenada, pra ver a espuma escorrer.
-Isso não vem ao caso! Eu não coloco fotinha feliz no orkut sorrindo ao lado de homem nenhum!
-Poxa, mas eu sempre fui tão leal contigo...
-Tá vendo? Essa sua clareza de intenções, essa sua pureza d’alma, esse seu jeito de sinceramente querer saber se estou bem, isso tudo, junto, é o que me mata!
-Amor é o caralho!
-Calma, moça, assim tu me faz sentir um filho-da-puta sem ter feito filha-da-putice alguma...
-Basta você morar a quase dois mil quilômetros de mim e já está feita a putaria!
-Que putaria, guria? Eu só estou deixando as coisas acontecerem. Me diga agora: tu acha que a gente é possível? Duvido que aí no Rio tu não jogue charme pros moços que te agradam.
Mal sabe ele, poeta inconcreto, que o Rio de Janeiro só leva a fama. Quem deita na cama, quase que invariavelmente, são os homens de fora. Mas isso não estava em questão pra cronista desbocada: ela queria era molhar a ferida com água oxigenada, pra ver a espuma escorrer.
-Isso não vem ao caso! Eu não coloco fotinha feliz no orkut sorrindo ao lado de homem nenhum!
-Poxa, mas eu sempre fui tão leal contigo...
-Tá vendo? Essa sua clareza de intenções, essa sua pureza d’alma, esse seu jeito de sinceramente querer saber se estou bem, isso tudo, junto, é o que me mata!
-O que você quer que eu faça?
-Quero que você me esqueça, dá pra ser?
-Impossível! Tu é minha escritora predileta. E sabe disso!
-E daí? Eu lá escrevo com a minha buceta?
-Tá vendo? Eu só sirvo pra sexo mesmo, né? Duvido que me acompanharia se eu fosse um broxa...
-Comigo não existe homem broxa e tu sabe disso! Os paus, de uma maneira geral, gostam de mim. E não vem mudando de assunto não, que eu sei que tu tá querendo me amansar!
-Tudo que eu queria na vida era poder te amansar, guria.
-Não me chama de guria que eu viro do avesso e a essa distância não há nada que possamos fazer!
-Boba! Vai dizer que não sabe que esse gaúcho aqui é capaz de te enlouquecer só pelo telefone?
-Grande coisa...
-Sabe ou não sabe que adoro domar uma potranca raivosa que nem tu?
-Sei, mas e daí?Isso vai mudar alguma coisa?
-Lindinha, nada do que esteja me acontecendo aqui, ou que esteja te acontecendo aí, vai diminuir a nossa sintonia e tu sabe disso...
-...
-Tá se fazendo de muda, minha ambrosia?
-Não quero ver você com essa lambisgóia!
-Ela não é lambisgóia. É minha amiga. Pensa na minha situação: eu tava tão sozinho, tão sem ninguém, tão jogado de lado, só com minhas poesias...
-Pára com esse discurso de queda do império romano que eu não tô presse tipo de jogo, ok?
-Não sei por que tu me liga se não quer conversar feito adulta...
-Eu não quero ser adulta! Eu quero você!
-Mas que radical...
-E a poesia das unhas pintadas? Recita pra ela também?
-Ihhhhh...
-Recita ou não recita?
-Não, ela sabe que fiz pra ti.
-Sabe nada! Não mete essa!
-Meto meu pau na tua boca miúda.
-A dois mil quilômetros, qualquer um mete. Quero ver cara-a-cara!
-Não me provoca, guria. Sabe que tenho uma passagem comprada praí.
-E daí?
-E daí que eu tô dizendo que essa passagem tá guardada pra te ver!
-Vai trazer a gatinha pra me apresentar também? Porque, vamos combinar, essa situação é bem confortável pra ti, né?
-Não, não é. Eu te entendo, sei como é essa sensação...
-Não, você não faz idéia. Quer ver uma coisa?
-O quê?
-Adivinha onde eu queria ter passado a bosta desse reveillon?
-Essa eu sei: em Floripa!
-Não, nos teus braços, porra! Floripa era só uma desculpa esfarrapada!
-Como?
-Eu queria que tudo acontecesse naturalmente...
-Bah, guria, por que não me falou isso antes?
-Porque no dia que fui te escrever a respeito, vi a fotinha no orkut...
-Quer que eu tire a foto de lá?
-Quero.
-Que mais que tu quer?
-Você ao alho e óleo.
-Não começa, vai.
-Tá, vou baixar as expectativas e pagar de mesquinha, pode?
-E o que é que tu não pode?
-Quero os Hai-kais que você escreveu pra mim e nunca colocou no correio!
-Boa!
-Se duvidar, nem escreveu porra nenhuma...
-Pára de charme, musa.
-Musa é o caralho!
Pelo andar da carruagem, a conversa iria longe. Bem mais longe do que Porto Alegre está do Rio. Ou do que o Rio está de Porto Alegre.
Ainda assim, uma pergunta sempre ficará no ar: se o Porto é alegre, por que motivo só saem notas tristes dessa sinfonia?
Pode ser que a resposta esteja perto da cidade onde o medo e a solidão finalmente resolveram se casar de papel passado.
Mas isso são apenas especulações.
A única coisa de que se tem notícia é que nunca houve uma história tão docemente escrita como o tórrido romance entre o poeta inconcreto e a cronista desbocada.
-Quero que você me esqueça, dá pra ser?
-Impossível! Tu é minha escritora predileta. E sabe disso!
-E daí? Eu lá escrevo com a minha buceta?
-Tá vendo? Eu só sirvo pra sexo mesmo, né? Duvido que me acompanharia se eu fosse um broxa...
-Comigo não existe homem broxa e tu sabe disso! Os paus, de uma maneira geral, gostam de mim. E não vem mudando de assunto não, que eu sei que tu tá querendo me amansar!
-Tudo que eu queria na vida era poder te amansar, guria.
-Não me chama de guria que eu viro do avesso e a essa distância não há nada que possamos fazer!
-Boba! Vai dizer que não sabe que esse gaúcho aqui é capaz de te enlouquecer só pelo telefone?
-Grande coisa...
-Sabe ou não sabe que adoro domar uma potranca raivosa que nem tu?
-Sei, mas e daí?Isso vai mudar alguma coisa?
-Lindinha, nada do que esteja me acontecendo aqui, ou que esteja te acontecendo aí, vai diminuir a nossa sintonia e tu sabe disso...
-...
-Tá se fazendo de muda, minha ambrosia?
-Não quero ver você com essa lambisgóia!
-Ela não é lambisgóia. É minha amiga. Pensa na minha situação: eu tava tão sozinho, tão sem ninguém, tão jogado de lado, só com minhas poesias...
-Pára com esse discurso de queda do império romano que eu não tô presse tipo de jogo, ok?
-Não sei por que tu me liga se não quer conversar feito adulta...
-Eu não quero ser adulta! Eu quero você!
-Mas que radical...
-E a poesia das unhas pintadas? Recita pra ela também?
-Ihhhhh...
-Recita ou não recita?
-Não, ela sabe que fiz pra ti.
-Sabe nada! Não mete essa!
-Meto meu pau na tua boca miúda.
-A dois mil quilômetros, qualquer um mete. Quero ver cara-a-cara!
-Não me provoca, guria. Sabe que tenho uma passagem comprada praí.
-E daí?
-E daí que eu tô dizendo que essa passagem tá guardada pra te ver!
-Vai trazer a gatinha pra me apresentar também? Porque, vamos combinar, essa situação é bem confortável pra ti, né?
-Não, não é. Eu te entendo, sei como é essa sensação...
-Não, você não faz idéia. Quer ver uma coisa?
-O quê?
-Adivinha onde eu queria ter passado a bosta desse reveillon?
-Essa eu sei: em Floripa!
-Não, nos teus braços, porra! Floripa era só uma desculpa esfarrapada!
-Como?
-Eu queria que tudo acontecesse naturalmente...
-Bah, guria, por que não me falou isso antes?
-Porque no dia que fui te escrever a respeito, vi a fotinha no orkut...
-Quer que eu tire a foto de lá?
-Quero.
-Que mais que tu quer?
-Você ao alho e óleo.
-Não começa, vai.
-Tá, vou baixar as expectativas e pagar de mesquinha, pode?
-E o que é que tu não pode?
-Quero os Hai-kais que você escreveu pra mim e nunca colocou no correio!
-Boa!
-Se duvidar, nem escreveu porra nenhuma...
-Pára de charme, musa.
-Musa é o caralho!
Pelo andar da carruagem, a conversa iria longe. Bem mais longe do que Porto Alegre está do Rio. Ou do que o Rio está de Porto Alegre.
Ainda assim, uma pergunta sempre ficará no ar: se o Porto é alegre, por que motivo só saem notas tristes dessa sinfonia?
Pode ser que a resposta esteja perto da cidade onde o medo e a solidão finalmente resolveram se casar de papel passado.
Mas isso são apenas especulações.
A única coisa de que se tem notícia é que nunca houve uma história tão docemente escrita como o tórrido romance entre o poeta inconcreto e a cronista desbocada.
8 comentários:
'Vem, meu menino vadio
Vem, sem mentir pra você'
gosto de obras autobiográficas... são, de alguma forma, mais sinceras...
Essa coisa dos opostos que se atraem é uma coisa engraçada. Quanto mais debocada, mais principe encantado será o seu par.
Quanto mais poeta você for, mais papo reto será o olhar do outro lado da rua.
Mesmo que o outro lado da rua fique a 500 km de distância.
aguardando os próximos capítulos...
Amada,
pode intermediar o guri com os maravilhosos caldos de chouriços que tem na cidade!!!!
minah ambrosia é de cortar os pulsos.
todo mundo sabe que as cronistas desbocadas são as melhores do mundo todo.
Bem que a gigi falou.
Você é foda, Paiva.
Foda!
E que delícia de cronista.
abração
Fiquei aqui só na expectativa de ver o final dessa história.
Muito bom post.
Beijos.
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