segunda-feira, 10 de março de 2008

Pussy designer

Depiladoras têm em comum o fato de lidarem com aquilo que, nós, meninas, assumindo ou não, temos de mais precioso: nossa flora vaginal. Coisa linda que mamãe passou tubos de hipoglós e que nós, com a vida adulta, passamos de tudo um pouco, na tentativa de achar o convexo que se encaixe perfeitamente em nossa côncava anatomia. Parece simples, mas nem sempre as coisas dão tão certo assim. Foi o caso dessa amiga minha, cujo nome foi trocado, para evitar identificações comprometedoras.

Francis é loira do pentelho preto e sempre depila cavada, pra eliminar atritos desnecessários. Costuma fazer visitas trimestrais àquela que tem a responsabilidade de prepará-la para fodas cheias de auto-confiança: Janine, sua personal pussy designer. Porém, lá chegando, soube da triste notícia de que a moça estava com dengue, impossibilitada de trabalhar por uns 10 dias. Como tinha compromissos intra-aeróbicos marcados para aquela noite, achou por bem aceitar ser atendida por uma substituta, não sem antes dar-lhe todas as especificações necessárias:

-Olha, querida, é cavada, mas, pelamordedeus, sem bigodinho de Hitler, hein?

O olhar condescendente de quem sabia muito bem o que estava fazendo fez com que Francis confiasse imediatamente em Estefânia, a substituta. Durante a sessão, como de hábito, surge toda a sorte de conversas para evitar o constrangimento natural de ter uma ser humana manipulando dolorosa e impiedosamente a tal preciosidade que mamãe encheu de hipoglós:

-Menina, você viu aquela moça da novela, que se pendura no mastro?
-Flávia Alessandra, né? A ex do Marcos Paulo.
-Essa mesmo. Outro dia vi uma entrevista dizendo que ela só tirou a roupa na novela porque já é uma atriz madura. Engraçado, né? O normal é o pessoal tirar a roupa primeiro e só depois ir pra novela.

Francis, que é estudiosa de fenômenos midiáticos, empolgou-se com Estefânia e até se esqueceu da situação em que se encontrava. Terminado o serviço, antes de fazer buço, axila e sobrancelha, olha pra baixo e vê que o nazismo havia triunfado. Com ódio, lança chamas viperinas:

-Mas o que é isso, minha filha? Eu não falei que não era pra fazer bigodinho?
-Mas não tá bigodinho, não senhora, bigodinho é mais fino, ta só cavada normal.
-Normal? Você sabe que eu tenho um encontro hoje? Como vou me apresentar assim, descaracterizada?

Depois de muito bradar e ameaçar chamar seu advogado, saiu de lá sem pagar o serviço. E, já que não havia jeito, resolveu adquirir artefatos para acompanhar o novo design. Assim, de chicotinho e algemas em punho, assumiu a linha extrema direita e até que se divertiu bastante.

Em seu íntimo, agradeceu Estefânia, por liberar um lado autoritário que ela mesma desconhecia.

Era o mínimo que se podia esperar quando a última coisa que se esperava tinha acabado de acontecer.

Um comentário:

gigi disse...

eu prefiro moicano!