segunda-feira, 10 de março de 2008

Sabine

desde menina sabine demonstrava sinais nítidos de exuberância. na quarta série já curtia calcinha vermelha, olhar de soslaio, camiseta de educação física gasta e sutiazinho aparecendo. sabia que esse tipo de coisa deixava os meninos mais amiguinhos dela do que das outras em suas maria chiquinhas, sempre envoltas na árdua tarefa de combinar a calcinha com a lancheira das meninas super poderosas. sabine tem umas coisas assim de guria que esconde a mulher e de mulher que esconde a garotinha esperando a van filosofia pra escola sozinha. um caso de vaquice assumida. e nem adianta dizer que é problema com o pai porque sabine sempre se deu bem com o coroa. aliás, foi ele quem lhe ensinou a letra de ‘vaca de divinas tetas derrama o leite bom na minha cara e o leite mau na cara dos caretas’, canção que sabine ama de paixão e que volta e meia (depois de uns gorós) acaba cantando, geralmente em cima de uma mesa.

sua vida parecia uma festa de baco diária. a única coisa que cansava sua beleza era a dificuldade com os representantes do sexo oposto, principalmente os de sua geração. esses tinham pânico dela. como gostava de manter as unhas sempre compridas, vivia namorando meninos 15 anos mais novos, que até eram um bálsamo para seu ego, mas trabalhosos no sentido pragmático. acabava gastando boa parte do seu salário em motel, táxi e proseco. mas isso era até tranquilo. o pior era depois, passados alguns meses, quando esses mesmos meninos, depois de terem tido acesso ao melhor sexo que poderiam pensar em experimentar em suas tenras idades, a trocavam por alguma gatinha que haviam conhecido num congresso, num trote de calouros ou numa festinha da facu.

os anos continuaram passando implacavelmente e sabine foi se especializando em desenrolar carretéis, cada um maior que o outro. até chegar uma hora que ficou cansada desse ciclo escroto. resolveu assumir sua condição de balzaca e passou a fazer programas de gente que trabalha, que paga motel e que não pode tomar cerveja às 2 da tarde.

porque vaca que é vaca sabe até onde quer dar de mamar.

Nenhum comentário: