segunda-feira, 10 de março de 2008

quem não chora não mama

flora penteava o cabelo quando viu através do espelho que seu gatinho estava com um olhar perdido no vazio. parou com as melenas e olhou fundo naqueles olhos rasos que sabiam de cor sua anatomia.
- e aí?
- e aí o que, gatinha?
- e aí?
depois de uma pausa, dois suspiros e um beijo com gosto de prestobarba, o gatinho soltou sua pérola:
- o carnaval começa sexta agora.
- e?
- e a gente não combinou nada.
- você quer que eu te dê carta branca pra pegar geral?
- eu não disse isso.
- nem precisa, né? eu tô ligada no teu movimento, sweety.
como se nada estivesse acontecendo, respirou fundo, juntou todos os neurônios que podia e profetizou:
- pra encurtar essa neurose, vamos combinar o seguinte: clara, fabrícia, ângela e clarisse estão proibidas. não só no carnaval, mas para todo o sempre.
- joão carlos também.
- só joão carlos?
- só.
mesmo achando estranho a sua lista de proibidos contar com apenas um nome, flora - com cara de aborrecida - na verdade sorria por dentro.
teve certeza que esse gatinho era pra casar. ainda assim quis tirar a prova dos nove.
- mas por que o joão carlos?
- porque não é só você que conhece meu movimento, boneca. agora chega dessa conversa besta.
passada a prova dos nove, era chegada a hora do meia nove.
afinal de contas, quem não chora não mama.

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